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Lord, won’t you buy me?

Talvez não seja necessário apelar a Deus. O novo Classe A da Mercedes-Benz foi feito para caber em bolsos menos recheados que o dos tradicionais compradores dos carros da montadora

Dê uma olhada no carro ao lado.

Gostou?

Pois esse é o novo Mercedes-Benz Classe A, compacto de entrada da montadora alemã lançado no último Salão do Automóvel de Genebra. Nada a ver, claro, com o famigerado Classe A lançado há pouco mais de uma década no Brasil e que ganhou o cruel apelido de “Mercedes de pobre” – modelo providencialmente tirado de linha tão logo suas expectativas de vendas se mostraram frustradas.

Por que a tradicional Mercedes-Benz finalmente rendeu-se aos compactos de entrada, desafiando a própria engenharia a transferir sua lendária excelência dos sedãs para os hatchbacks?

Os motivos alegados pela montadora foram a crescente preocupação com o preço do combustível e a falta de vagas no trânsito das grandes cidades, bem como o sucesso dos modelos equivalentes das rivais BMW e Audi. Mas as vantagens em acrescentar um compacto como o novo Classe A ao portfólio vão além.

Primeiro, o modelo de entrada cumpre a função de oferecer um produto Mercedes acessível a consumidores afluentes, porém menos aquinhoados que os dos modelos tradicionais da marca. Com isso, o sonho de adquirir um automóvel da estrela torna-se plausível para uma parcela maior de clientes, que antes restringiam seu olhar aos produtos de montadoras rivais.

Segundo, o modelo acrescenta um primeiro degrau à escadaria de produtos da Mercedes e amplia a gradação de sofisticação do portfólio da montadora. Qual a importância desse movimento? Ora, marcas de luxo devem oferecer produtos que caibam nos bolsos e nas ambições dos consumidores em todas as fases de suas vidas, de modo que, a cada novo patamar econômico atingido, exista um modelo da marca capaz de atendê-los.

Por fim, há um terceiro benefício que pode advir do lançamento do novo Classe A. Marcas de luxo não podem envelhecer, sob pena de serem trocadas por rivais novatas ou remoçadas. E isso implica renovar portfólio de produtos, seguindo preferências que, por vezes, são pontuais – mas que servem para conectar uma marca ao presente. Foi o caso das SUVs, que permitiram à Porsche rejuvenescer através da Cayenne. Se agora o espírito do tempo pede carros menores, há que se estar em sintonia com ele. Caso a preferência se mostre duradoura, tanto melhor; caso contrário, mal não causará.

São todas essas razões que, sob a ótica empresarial, tornam a decisão da Mercedes acertada. Uma decisão que muitos consumidores comemoram: enfim não será necessário pedir uma forcinha a Deus para ter um modelo da estrela de três pontas na garagem.

Artigo originalmente publicado em Gestão do Luxo, em junho de 2012.

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